sábado, 26 de março de 2011

DISSERTAÇÃO I

Nem sempre é fácil descobrir um tema interessante e atual para produzir uma redação. Mas sabemos que o treino é a melhor forma para aprender a redigir. Trago uma dica de tema bastante atual e polêmico: a pirataria. Os produtos piratas são uma realidade a qual estamos acostumados a ver em qualquer canto do Brasil. No entanto, independente do tema, é interessante que, antes de produzir o texto, haja um contato com pelo menos um texto sobre o assunto em pauta. Isso gera ideias, ajuda a refletir e deixa a mente mais aguçada para a produção. Mas não vale copiar as palavras do texto-base ou limitar-se a segui-lo servilmente. Encontrei um texto na internet que pode ajudar a refletir sobre a problema da pirataria.

Afinal, o que é pirataria? (Autor: Fabio Bracht)  
 De acordo com a Wikipédia: A pirataria moderna se refere à cópia, venda ou distribuição de material sem o pagamento dos direitos autorais, portanto, apropriação da forma anterior ou com plágio ou cópia de uma obra anterior, com infração deliberada à legislação que protege a propriedade artística ou intelectual. Gosto de dizer que a pirataria é quando você usa algo e não pagou por aquilo. Pelo menos não pagou para quem deveria.
» Por que dizem que a pirataria financia o crime?
Talvez este seja um dos pontos mais polêmicos e difíceis de enxergar na pirataria.
Quando você compra algo ilícito, o produto não foi produzido pelo vendedor. Não, o camelô da esquina não baixou o GTA IV (série de jogos de computador) e fez mil cópias, ele comprou isso de alguém. Esse alguém, normalmente, é alguém da Europa Oriental e Ásia — da onde você acha que vem o termo “Ching Ling”, que define coisas falsificadas? –, e para essas mil cópias chegarem na sua banca predileta elas precisaram fazer um longo trajeto da origem até aqui. Como você já deve estar imaginando, o produto não veio de Fedex, nem Correios e nem na cota de alguém que foi viajar para lá… Se esses meios fossem utilizados, seria muito simples apreender estes produtos nas alfândegas por onde eles têm que passar. Mesmo se não fossem apreendidos, na melhor das hipóteses seriam taxados, impossibilitando que fossem vendidos por apenas “dérreal”.
Esses produtos foram transportados por alguém que conhece como entrar em um país sem ser detectado, usando diversos meios. E aqui está o primeiro ponto crítico.As formas utilizadas para introduzir o produto em um país são bem simples: subornos, autoridades compradas etc… E o pior: como o transportador é especialista em cruzar fronteiras sem ser percebido, ele traz muito mais do que CDs e DVDs piratas. Nos contêineres chegam armas, drogas, rins e, se bobear, escravos brancos. “Hã?!” É isso mesmo, o “frete” é dividido… Obviamente não se compram tantos órgãos humanos quanto DVDs piratas, mas os DVDs ajudam a baratear o transporte. Daí que surge o fato da pirataria financiar, diretamente ou indiretamente, o crime organizado.
Isso não é invenção minha. Está descrito com mais detalhes no excelente livro “Ilícito”, de Moisés Naím. Neste mesmo livro existem vários relatos, como por exemplo o ataque terrorista que aconteceu na Espanha em 2005 e foi exclusivamente financiado pela venda de camisas de time de futebol falsificadas. Os terroristas não tinham como receber dinheiro de fora, então partiram para este meio. Pode parecer exagero, mas não é. Recomendo para quem quiser se aprofundar no assunto.
Você já deve ter ouvido a frase: “Se for para usar produtos piratas, pelo menos tenha a decência de baixar e não comprar de camelôs”. Agora entende o por quê.
Podemos dizer que este é o primeiro mal causado pela pirataria, o financiamento de meios ilícitos. E é o mais difícil de ser visualizado pelo comprador, já que isso está no background da operação.
» Mas eu não compro, eu faço download…
OK, você não compra de camelôs, mas baixa tudo da Internet ou copia do seu colega. Nesse caso você não está ajudando o crime organizado, mas está afetando diretamente o dono do produto (músico, desenvolvedor, ator, gravadora etc.), pelo simples motivo de que ele não está recebendo o que lhe é de direito pelo seu trabalho. É como você trabalhar o mês inteiro e sua empresa resolver não te pagar. Simples assim. Ou, descrevendo mais corretamente, é como roubar.
Recentemente foi divulgado que o custo de produção do GTA IV chegou aos cem milhões de dólares. Vou colocar em números pra você ver a quantidade de zeros que tem nesse número: US$100,000,000.00. Fica muito claro o alto investimento que é feito em um produto. Só que eles não gastaram tudo isso pra te dar um presente. A Rockstar é uma empresa e, como toda empresa, espera ter lucro em cima de qualquer investimento. Se não vender, não tem lucro. Repito: o objetivo de qualquer empresa que não seja governamental ou ONG é ter lucro. Até a toda-boazinha Nintendo tem como objetivo ter lucro; fazer jogos bacanas é apenas o meio que ela achou de fazer isso.
No caso da música você pode alegar que o artista recebe um percentual muito baixo do CD. Isso é verdade, a maior parte do valor do CD vai para a gravadora. E isso é justo, é o que foi acordado com o artista. Ora, quem bancou o artista para ele gravar o disco no melhor estúdio? Quem divulga o artista para a mídia? Sem a gravadora o artista fica conhecido apenas na sua região, por mais que divulgue seu trabalho.Destacamos o segundo mal causado pela pirataria: danos financeiros aos produtores do produto.
» Mas isso não me afeta!
Afeta. Afeta sim, e de várias formas. A curto prazo você está afetando o preço do produto no mercado — claramente, quem compra o produto original está pagando pelo seu pirata. Se compra o produto ilícito, está contribuindo para o crime organizado. O mesmo que depois vai te assaltar na saída do ônibus e roubar o seu PSP.
A médio prazo está inibindo a entrada de novos produtos e investimentos no país. A longo prazo corremos o risco de não termos mais lançamentos. Se a pirataria um dia dominar de vez (ainda mais), não será mais interessante para as empresas investir nisso. É simples assim. Teremos boas bandas, boas ideias para jogos, boas ideias para filmes… mas não haverá ninguém para financiar, pois não haverá retorno neste nicho de mercado.
O exemplo que vou dar pode parecer bobeira para muitos. Amo música, e consequentemente me tornei um colecionador de CDs. Outro dia achei na Saraiva o CD novo da Madeleine Peyroux por R$13.50. Isso mesmo, um lançamento por este preço! Comprei na hora. Chegando em casa, ao abrir o produto, me deparei com uma caixa de papelão e o CD. Mais nada. Nem encarte, nem letras de música… Nada! Ou seja, para baixar o custo e competir com a pirataria, a qualidade do produto caiu. Pode parecer bobeira, mas para um colecionador isso é o fim. Você gostaria de comprar o Metal Gear Solid 4 original e receber só uma caixinha de papelão com uma foto do velho Snake e o disco dentro de um envelopinho de papel? Pois é.
» Mas eu não tenho dinheiro! (Ou “O círculo vicioso”)
Uma coisa é certa: nunca um produto original será tão barato quanto um produto pirata. Mesmo se a Microsoft vendesse um jogo a R$10.00, o pirata consegue vender a R$1.00 com margem de lucro maior que da Microsoft. O pirata apenas copia o DVD. Custo disso? Alguns centavos… A explicação em cima disso é simples, a Microsoft tem vários custos: produção, confecção, marketing, impostos, etc. Não tem como competir.
Já ouvi vários discursos defendendo a pirataria, mas sempre fica algo do tipo: “Não tenho dinheiro para comprar jogo original”. Mas já ouvi isso de uma pessoa que tinha um Xbox 360 (R$1,500), uma TV LCD de 32″ (R$2,000), saía de balada sempre que quisesse sem se preocupar com grana e tinha um emprego que lhe pagava bem melhor do que a média dos brasileiros. Preciso explorar mais isso? Ok. Meu sonho é ter uma BMW. Mas não tenho como comprar uma, e aí? A situação é a mesma, por mais que se tente dizer o contrário.
“Ah, se fosse mais barato eu compraria original”. Aqui é que vira um círculo vicioso. Se você perguntar para uma empresa ela dirá: “Se as pessoas comprassem mais, seria mais barato”. É o mercado. Quanto mais se vende, mais barato fica.
É engraçado, mas quando converso com pessoas que consomem produtos piratas, percebo que elas não enxergam o valor do conteúdo. Já ouvi coisas do tipo “Como um jogo do 360 custa R$159.00? É só um DVD!”. Parece que por ser algo intangível (no caso, um software) a pessoa não dá valor para aquilo. Como se um DVD com Mario Kart Wii valesse tanto quanto uma mídia virgem. A maioria do pessoal ainda acha que está apenas pagando pela mídia, ignorando todo o esforço que foi feito para chegar no conteúdo final.
» O que posso fazer para mudar isso?
Primeiro, o óbvio: não consumir produtos ilícitos. Pode parecer difícil à primeira vista, mas, sério, não é. É só olhar para aquelas dezenas de jogos de PS2 que você comprou nos últimos anos e não jogou mais do que alguns minutinhos. Quantos jogos você realmente aproveitou, jogou até a última gota? Faria diferença se, neste exato momento, todos os seus outros jogos sumissem? Não, aqueles poucos que você jogou mesmo são os que importam, e como estes certamente não foram lançados no mesmo mês, é só pensar pra ver que não ia cair nenhum pedaço seu se você os tivesse comprado originais.
E se você faz muita questão desses “alguns minutinhos” que você jogou os outros, é mais uma desculpa que cai por terra, ao menos para os donos de PS3 e Xbox 360. Já que estes consoles disponibilizam demos grátis que você pode baixar para experimentar os jogos.
Segundo: educação. Por incrível que pareça, a maioria das pessoas não imagina o que há por trás da pirataria e o impacto disso na economia e na sociedade. Às vezes porque são ingênuas (e acreditam que foi o Tio Zé mesmo quem gravou aquele GTA IV que “nem lançou ainda”) ou se fazem de desentendidas. Então se você não apóia a pirataria, explique para quem consome produtos ilícito esse impacto.
Este trecho retirado de um artigo do site Administradores.com.br eu acho que resume tudo, e é difícil ficar indiferente frente a isso:
Foram publicados recentemente pela INTERPOL dados que assustaram o mundo: que o volume transacionado pela pirataria atingia a cifra de U$516 bilhões, ultrapassando até mesmo o tráfico de drogas, que movimentou U$322 bilhões em 2006. [...] A pirataria é hoje considerada como o maior desafio do comércio internacional do século XXI [...], pois apresenta uma característica fatal ao crescimento sustentado da economia mundial e consecutivamente inibe a inovação, tornando inviáveis os investimentos. E por este motivo deixa-se de surgir novas tecnologias essenciais para o desenvolvimento humano, como vacinas e remédios, sem deixar de mencionar autores de livros e músicas, neste último caso são os mais afetados.
» Para finalizar Diversos são os caminhos e ações para se resolver este problema, o “maior desafio do comércio internacional do século XXI”. Redução de impostos, punição aos consumidores, redução de preço por redução de qualidade e por aí vai… A única certeza é que cada vez mais as empresas investirão em combate à pirataria, dinheiro esse que poderia ser gasto com coisas, digamos, mais legais. Com o perdão do trocadilho.
Espero ter ajudado a entender um pouco melhor a pirataria. Agora, pelo menos, ao adquirir um produto pirata você sabe mais sobre ele, de onde veio, e o impacto dele na nossa vida. Ou, melhor, não vai mais adquirir um produto pirata. No entanto, sei que o assunto é muito extenso, complexo e tem diversos ângulos pelos quais pode ser analisado, o que pode (e deve) gerar muita discussão. Gostaria que a partir daqui a discussão fosse de alto nível, sem ofensas ou apologias.
E para terminar, acho que a frase que resume a essência da coisa toda é esta, copiada na cara dura da assinatura que o Thiago Machuca, fundador da comunidade NGM Online, usa no fórum: “Pirataria: ela te fode por trás e te deixa com a impressão de que é você quem está fodendo”.

SUGESTÃO: FAÇA UMA DISSERTAÇÃO COM O TEMA “PIRATARIA: O CRIME DO SÉCULO XXI”

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